O ano é 2022, ainda estamos no meio de uma pandemia que alguns acreditavam que duraria apenas alguns meses, mas são mais de 2 anos. Ela afetou empresas grandes e pequenas, os negócios precisaram rever o formato de atendimento para sobreviver no mercado. Enquanto algumas empresas viram oportunidade de abrir, outras tiveram a infelicidade de fechar as portas. E com a área de cafés não foi diferente.
E o que isso está relacionado com a profissão do Barista? Pois é, durante esses 2 anos o que mais vimos foram franquias e mais franquias de café abrindo praticamente uma do lado da outra. Se formos transformar isso em dados, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), as franquias em café faturaram quase R$ 42 bilhões entre o terceiro trimestre de 2019 e o de 2020, mesmo com uma queda de 12,1% por causa da pandemia do novo coronavírus.
E adivinha se essas franquias não precisam de baristas? A conta parece lógica, cresce o número de cafeterias, aumenta a oportunidade para vagas de baristas; o que parece não ter aumentado ainda é o prestígio e a valorização pela profissão. Mas, antes de ver a situação atual, vamos tentar ver a evolução desde o surgimento desse profissional.
A história por trás da palavra ‘Barista’
Barista lembra bartender, né?, e essa correlação não está errada. O termo “barista” tem origem italiana, lá mesmo onde nasceram as primeiras máquinas de espresso que utilizamos, sendo o “barista” o profissional que manuseava as máquinas até então.
(Depois que você aprende é bem simples mexer em uma máquina, mas pensa tirar um espresso em 1935 tendo Francesco Illy como o criador da primeira máquina com dosagem automática de água? Ainda era uma época de muita pesquisa, testes e descobertas. Inclusive se você quiser aprender a manusear a máquina de espresso, temos um curso bem legal pra te indicar: clica aqui.)
Não se sabe exatamente como surgiu o primeiro barista, mas a palavra apareceu em 1938. E, segundo o blog Barista Alquimia, o termo surgiu por conta do movimento da “italianização”:
“O nome bartender possuía um cunho elegante na Itália. Entretanto, durante o período de 1922 a 1943 os movimentos fascistas de Mussolini ganharam muita força, um desses movimentos era a ”Italianização”. Período cujo qual a Itália após se anexar com Istria e parte da Eslovênia, proíbe o uso de línguas Austro-Húngaras e línguas de países anexados a território italiano durante a segunda guerra. Apenas o verdadeiro italiano era permitido, então. Bartender/barman que eram palavras muito ”americanas” foram substituídas por barista, uma palavra que soava ”mais” italiano.”
Ou seja, na Itália o barista refere-se ao profissional que trabalha atrás do balcão servindo tanto bebidas alcoólicas como cafés; enquanto que no resto do mundo o barista é o profissional que tem a expertise necessária para extrair o melhor café espresso da máquina, além de preparar outras receitas clássicas à base de café, bem como criar novas. Também é um profundo conhecedor das etapas da produção do café, inclusive do processo da torra, e das técnicas de preparo de métodos filtrados.
O Barista no Brasil
O profissional começa a ser reconhecido apenas na década de 90, com o surgimento das cafeterias especializadas e da terceira onda do café, movimento que continua em expansão. E apenas no ano de 2010 que a profissão barista foi regulamentada.
Podendo trabalhar tanto em regime CLT quanto por hora (a famosa taxa), a profissão tem ganhado destaque na área de A&B – Alimentos e Bebidas, apesar de uma remuneração ainda não adequada. A faixa de salário atualmente gira em torno de 1200-1400 reais, o que está longe de ser ideal perto do investimento e da cobrança que atualmente o mercado exige.
Por exemplo, um curso de latte art visando entregar um produto com o mesmo sabor, mas com um visual mais apresentável e artístico ao cliente, custa um investimento inicial de 1/4 do que o barista ganha, fora a prática e dedicação que o barista precisa ter para aperfeiçoar a técnica. E esse investimento muitas vezes precisa sair do próprio bolso, já que muitas empresas não pagam essa “capacitação” extra.
Ainda de acordo com a pesquisa da Salario.com.br, no comparativo entre os meses de Janeiro e Dezembro de 2021, houve um aumento de 48.51% nas contratações formais com carteira assinada em regime integral de trabalho para a função de barista, o que comprova essa ascensão da profissão.
Mas qual o motivo de um salário inadequado? Essa pergunta vale para muitas outras profissões. O salário mínimo no Brasil já é inadequado para qualquer brasileiro viver bem, e quando falamos de profissões que ainda não tem tradição e reconhecimento de décadas na história, fica mais difícil ainda subir esse salário. E, opinião própria, parece que quanto mais atrelada a atendimento ao público, mais essa profissão será desvalorizada. Então, resumidamente, a questão de pagar mal no país é cultural.
Existe plano de carreira para o Barista ?
Especializado em cafés de alta qualidade, o barista ainda pode crescer se tornando barista instrutor, onde dará treinamentos para futura equipe de trabalho; barista consultor, trabalhando com consultorias e desenvolvimento de cardápios; head barista, supervisionando outros baristas e gerenciando a cafeteria, e pode ainda se especializar em outras áreas como torra, produção, Q-Grader, afinal, o mundo de cafés e suas ramificações para trabalhar são infinitas.
Caso você tenha interesse em se tornar barista, não esqueça de procurar bons cursos na área, com profissionais capacitados e reconhecidos. Nós da Argenta já educamos mais de 3 mil alunos que estão espalhados pelo mundo oferecendo bons cafés por aí, e vale lembrar que todos os membros da equipe também são baristas, promovendo esse intercâmbio de ideias e formações, mesmo que seja aqui para a produção de conteúdos do blog.
Além disso, damos oportunidade para o barista evoluir na carreira. Um bom exemplo é nosso barista instrutor Rafa Cascão que chegou para dar apoio e substituir outra instrutora da casa que mudou de cidade, a Ellen. Na época, investimos em cursos para ele, inclusive cursos da SCA. Ele também participou da SIC – Semana Internacional do Café, e foi se especializando (isso com investimento da Argenta) até virar nosso principal barista instrutor desde 2019. Enfim, temos baristas bartenders, baristas jornalistas, baristas professores, e infinitas combinações, afinal, estamos na era das possibilidades.